Sebastião
Maltez Fernandes, este seu nome completo. Filho dos agricultores Leonel
Fernandes Carneiro de Oliveira e Maria José Fernandes de Oliveira. Nasceu aos 7
de abril de 1904 no sítio Crisolândia, na zona rural de Caraúbas, de
propriedade dos seus genitores.
Concluiu
o primário no Grupo Escolar Antônio Carlos da cidade de Caraúbas. Como prêmio,
pelas boas notas alcançadas, foi convidado para continuar seus estudos no Rio
de Janeiro, então Capital do Brasil, onde morava um tio, que lhe ofereceu a
grande oportunidade de sua vida. Graduou-se em medicina pela então Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, como médico obstetra.
De volta
a terra natal, no início dos anos 30, começou a clinicar. Casou-se em 1938 com
Maria de Lourdes Gurgel (in memoriam) e tiveram os seguintes filhos:
Maria José Gurgel Fernandes, formada pela Escola Doméstica de Natal, (in
memoriam), Antônio Maltez Gurgel Fernandes, engenheiro agrônomo, formado
pela Universidade Federal do Ceará, (in memoriam), Jaci Gurgel
Fernandes, professora formada pela UERN (in memoriam), Gláucio Gurgel
Fernandes, médico, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Maria da
Conceição Gurgel Fernandes, médica, formada pela Universidade Federal da
Paraíba e Maria do Socorro Gurgel Fernandes, médica formada pela Universidade
Federal de Pernambuco.
Com o falecimento dos seus genitores, Dr. Maltez adquiriu, por compra, as partes do terreno que cabia aos seus irmãos, registrando a nova propriedade com o nome de fazenda “Guanabara”.
Com o falecimento dos seus genitores, Dr. Maltez adquiriu, por compra, as partes do terreno que cabia aos seus irmãos, registrando a nova propriedade com o nome de fazenda “Guanabara”.
Dr.
Maltez – O médico
Assistir às
suas pacientes, quer no período ou não da gravidez, foi seu maior sacerdócio.
Não temos o número exato das crianças que vieram ao mundo pelas suas mãos.
Queremos crer que, em Mossoró, mais de quinze mil sentiram a clássica
palmadinha no bumbum, aplicada pelo caridoso médico.
Contam
coisas interessantes a respeito de doutor Maltez. Ele mesmo me contou dois
casos que passo a narrá-los: uma vez olhando um relógio de parede, que marcava
12 horas, viu no mostrador o rosto de um dos seus irmãos. Logo depois recebeu a
notícia da morte do ente querido que falecera justo naquela hora.
Numa
noite chuvosa, estrada enlameada, orlada de “pereiros” e xiquexiques, o carro
dirigido por Luizinho, que também fazia parte da banda musical de Caraúbas,
seguia vagarosamente. De repente Dr. Maltez diz para o motorista: “Passe
naquela casa iluminada pela luz de lamparina”. No seu interior uma mulherzinha
se contorcia em dores. O marido, aflito, saíra em busca de ajuda. Sem se
identificar, Dr. Maltez pede para ver a paciente e, em seguida, diz para alguém
ferver água. Em poucos instantes, o choro forte de uma criança aliviava as
dores da mãe feliz.
D’outra
feita, em visita a uma enfermaria repleta de candidatas a mamãe, Dr. Maltez
pergunta por que uma delas permanecia ali. Ouviu: “Está esperando para ser
cirurgiada”. Era uma vida em jogo. “Se não a levarem logo para a sala de parto,
a criança nascerá aqui mesmo” – disse Dr . Maltez. A paciente
livrou-se de ter o ventre cortado pelo bisturi. O médico que a operaria teve um
problema no seu automóvel, daí o atraso. Somente em último caso, Dr.
Maltez apelava para a cesariana, Zezinha, sua filha, em partos normais,
deu ao pai orgulhoso suas primeiras netas, Daniela e Giovanna. Foi
Dr . Maltez quem assistiu a filha por ocasião dos seus dois partos.
Soube,
por Geraldo meu irmão, amigo dos filhos do saudoso casal Evilásio/Francisquinha
Dias, que ela fez o seguinte comentário: “Dr. Maltez quando prognosticava a
data do nascimento de uma criança era tiro e queda”. E arrematou: “Foi assim
com os meus cinco filhos: Enilce, Célio. Nilma, Clélia e Marcos”. Os dois
últimos são médicos e clinicam em Natal.
Adelaide
de Jesus Costa, enfermeira e viúva do médico areia-branquense Francisco
Fernandes da Costa, não regateou elogios: “Foi uma tranquilidade dar a luz aos
meus filhos: Luiz Henrique, Roberto e Costa Neto. Contei, abaixo de Deus, com
as mãos milagrosas do Dr. Maltez”.
De uma
mãe preocupada: “Dr. Maltez, minha filha está com um mioma, e, cada vez mais,
eu vejo que ele aumenta”. Depois de examinar a mocinha, o experiente médico
disse para a mãe aflita: “Tenha calma, vou cuidar do 'mioma' com
carinho”. Após alguns meses, a mocinha, em vez do mioma, tinha um robusto
bebê para amamentar.
Meados de
1946, veio residir em Mossoró. Foi o primeiro diretor da Casa de Saúde e
Maternidade Dix-sept Rosado com o Dr. João Marcelino.
Dr.
Maltez – O Político
Morava em
Caraúbas quando se candidatou pela primeira vez a deputado estadual. Foi por
ocasião da redemocratização do país, com a deposição de Getúlio. Conseguiu a
eleição pela legenda do Partido Social Progressista, dirigido no Rio Grande do
Norte pelo deputado federal Café Filho.
Na
campanha eleitoral de 1947, para escolha de um terceiro senador, como aconteceu
em todos os estados da federação, recebeu do senador Georgino Avelino (PSD) a
seguinte proposta: “Dr. Maltez, deixe o seu dedo correr sobre o mapa do RN. Na
cidade indicada, o senhor terá consultório e emprego compensador”. Era uma
proposta tentadora. Mas o deputado caraubense teria que apoiar a candidatura do
industrial João Câmara ao Senado. Dr. Maltez, com aquele seu
semblante humilde, mas decisivo, agradeceu dizendo: “Senador: prefiro, sem
retribuição, acompanhar meu correligionário Café Filho”.
Por falar
na sua humildade, abro um parêntese e dou a palavra a um colega seu, o
Dr. Milton Marques de Medeiros, que assim se expressou no prefácio do nosso
livro Caminhos de Recordações: “Dr. Maltez Fernandes era uma figura ímpar. Sua
humildade até hoje me emociona. Não havia nele soberba nem exibicionismo. Nem
tão pouco nos falava em tom professoral. Pelo contrário, tudo nos era
transmitido pelo forte exemplo pessoal e através de sábias e sensatas
conversas. Amenas, antes de tudo. Somente com o passar do tempo é que fui
aquilatando melhor cada ensinamento”.
Em 1950,
foi reeleito pela mesma legenda do PSP, obtendo expressiva votação somente em
Mossoró. Também foram candidatos a deputado estadual, e tiveram esta cidade
como reduto, Carlos Borges de Medeiros e Raimundo Soares de Souza (UDN), Antônio
Rodrigues de Carvalho e José Nicodemos da Silveira Martins (PTB) e Francisco
Solon Sobrinho (PSP), dentre outros. Dr. Maltez presidiu o Legislativo Estadual
de 1953 a 1956.
Em 1954,
Café Filho, já presidente da República, traçou um esquema para o seu PSP aqui
no Rio Grande do Norte apoiar os candidatos ao Senado: Dinarte Mariz (UDN) e
Georgino Avelino (PSD). Em contrapartida, o PSP daria os dois suplentes de
senador. E o interessante é que ambos se tornariam titulares. Um, Reginaldo
Fernandes, com a eleição de Dinarte para o Governo do Estado em 1955; e o
outro, Sérgio Bezerra Marinho, com a morte de Georgino, 1959. Dr. Maltez,
seguiu a orientação partidária e apoiou Eider Varela para deputado federal, que
foi eleito
.
Em 1958,
Café Filho já estava descartado da política. Dr. Maltez, aliou-se a Djalma
Maranhão e tentou, sem êxito, voltar à Assembléia Legislativa. Episódio que
levou o ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa a encerrar sua
carreira, como político
FONTE – BLOG ALLAN ERCK
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